Em continuidade a série de reportagens referentes aos 93 anos de Presidente Prudente que serão comemorados na próxima terça-feira (14/09), a Secretaria Municipal de Comunicação vasculha o passado nesta sexta-feira (10) não em livros ou quaisquer outros registros onde a história do município normalmente costuma estar à disposição para consultas, mas no que podemos chamar de ‘arquivo vivo’. O entrevistado? O aposentado Júlio Dias Goulart, 84 anos, filho do coronel Francisco Paula Goulart, desbravador mineiro que fundou a cidade em 14 de setembro de 1917. Com uma memória invejável, ele lembra com detalhes a época em que seu pai chegou no rastro da colonização pelos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana.

Dos 13 filhos de Coronel Goulart e Izabel Dias Goulart, o aposentando é o único dos cinco vivos que mora em Prudente. Os outros, dois homens e duas mulheres, moram em São Paulo, capital. Conta que o pai nasceu em Minas Gerais, mas foi criado em Campos Novos do Paranapanema, hoje Campos Novos Paulista (SP). “De lá, o ‘velho’ foi para Assis e logo depois para Cerqueira César, onde conheceu minha mãe e se casou”, diz. Sobre a vinda para Prudente, o aposentado lembra que o mineiro chegou até a então chamada região do Vale do Paranapanema no dia 12 de setembro de 1917, oito anos depois da morte de seu avô, Manoel Pereira Goulart (pai de Coronel Goulart), hoje lembrado e perpetuado na nomenclatura da principal avenida da cidade – Manoel Goulart.

“Na época ele veio com um grupo de 12 pessoas ‘brigando’ com o lastro dos trilhos, um trenzinho tocado a mão na linha férrea, para tomar posse dos cerca de 238 mil alqueires que a família possuía na região, a chamada ‘Fazenda Pirapó Santo Anastácio’. Só que naquela época o trilho chegava até Indiana, já que de lá para cá era tudo mata fechada. Na companhia dos companheiros, meu pai percorreu mais de 100 quilômetros a pé, numa estrada que era chamada picadão, até chegar onde hoje é a Praça das Bandeiras. Foi ali onde construiu um rancho para ficar junto dos companheiros”, diz.

Chegando no que hoje é um dos marcos de Prudente, o aposentado conta que naquele tempo Coronel Goulart investiu no plantio de milho, afinal era época da safra da cultura. Depois, diz ele, o coronel mineiro colonizou toda a área localizada à esquerda da Estrada de Ferro, no sentido de quem vem de São Paulo. “No dia 14 de setembro, meu pai encontrou o engenheiro que fazia a estrada de ferro na região, João Carlos Fairbanks, para quem solicitou que fizesse um loteamento, originando na criação da antiga Avenida São Paulo, hoje batizada de Washington Luiz. Fato que se consolidou na fundação do município”, completa.

Quanto ao padroeiro de Prudente, São Sebastião, diz que na época foi sua mãe, esposa de Goulart, quem pediu ao padre (já evangelizando no município) que a imagem fosse o santo protetor da cidade. “Ela era devota de São Sebastião”, diz, em tom de felicidade. “São histórias que se a gente ficar contando e falando vamos até amanhã. Fatos que nos enche de orgulho, assim como a todos prudentinos creio eu”, completa.

Questionado se ele acha que Prudente tem o que comemorar, ele respondeu o seguinte: “Eu acho que o atual prefeito [Milton Carlos de Mello ‘Tupã’ – PTB] está trabalhando, e isso é o que a cidade espera de um prefeito. Como cheguei recentemente de Mato Grosso não acompanho de perto a atual política, mas acompanho o desenvolvimento da cidade pelos jornais”, encerra, garantindo ainda que se estiver bem de saúde deverá assistir ao desfile alusivo aos 93 anos do município que será realizado na próxima terça-feira.

Fonte: Secretaria de Comunicação